Quero mais é pé na terra
Esse asfalto me prende no caos
Dentro da selva de pedra
Uma questão social
Cinza é realidade
Condução não me espera
Do outro lado da cidade
Minha fome é sua festa
Só o tombo vira escada
Tempo incerto nessa lida
Cada movimento ímpar
Onde o chão é ar
E mesmo assim
Todo dia um desafio pra sobreviver
Entre o não do quanto custa e o suor que faz nascer
Haja luta
Eu vou pra longe daqui
Concreto não existe
Preciso é descobrir
Pisar não outra superfície
Eu vou pra longe daqui
Concreto não existe
Preciso é descobrir
Pisar não outra superfície
Sem luxo bom que dê pra ostentar
Todo dia a mesma luta pra me alimentar
Eu tô querendo no futuro ir pra’rum novo patamar
Onde eu possa ter de tudo que não dá pra comprar
Escrevo sempre e quase nunca tem tutu pra gravar
Aí eu estudo pra carai, pra ver se o mundo se mistura em BH
Só que eu tô duro, sem um puto nem pra tu me escutar
É que o buraco é bem mais fundo do viaduto pra cá
Um brinde à cidade que me envolve no concreto
Entre os olhares vagos, dos lugares lotados
Caixas de papelão no chão são chamadas de teto
Por monges e sábios, de cada calçada um universo
Eu vou pra longe daqui
Concreto não existe
Preciso é descobrir
Pisar não outra superfície
Eu vou pra longe daqui
Concreto não existe
Preciso é descobrir
Pisar não outra superfície
Eu vou pra longe daqui
Concreto não existe
Preciso é descobrir
Pisar não outra superfície
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